Logo no início de Dezembro, vai acontecer uma coisa que eu desejava há muuuuuito que acontecesse. E dias depois vai acontecer outra, que se eu pudesse, nunca aconteceria. Vou ser operada para retirar a tiróide.
Foi detectado um nódulo em Dezembro do ano passado, e depois de muitos exames, análises e alguns nervos, descansámos porque está tudo bem.
Mas como o desgraçado é grande tem que ser retirado, pois não há hipótese que diminua para valores aceitáveis.
Assim sendo, Dezembro foi o mês escolhido. Não gosto de pensar na operação, sei que não envolve grandes riscos, mas é uma operação, uma anestesia geral e todo aquele ambiente detestável de hospital. Mas o que me deita mesmo abaixo é pensar que, se correr tudo bem, tenho que ficar 4 dias e 3 noites internada.
Ficar todo este tempo longe da minha filha.
Faz-me ter ataques de choro, de ansiedade e hiperventilar. Faz-me ter vontade de desistir/adiar tudo, mas o P. não deixa.
Sei que muita gente vai achar uma parvoíce, mas estou-me nas tintas, eu sou assim e não me culpabilizo por isso.
Até hoje apenas passei 2 noites longe dela, ela tinha 13 meses e ficou com a pessoa que mais confio no mundo (em conjunto com o pai), a minha mãe.
A 1ª noite, nem conta, pois fui eu que a adormeci e estava ao lado dela quando acordou de manhã. A 2ª é que foi a minha mãe que ficou a 100%, e sei que ela ficou super bem e feliz da vida. Eu é que não. Chorei, choraminguei e acordei mais vezes de noite, do que se ela estivesse ao meu lado.
Isto não é uma questão de opção, de escolha. É vísceral, e eu não estou em mim se estou sem ela! Nesta fase ela estará em casa dos meus pais, com toda a família que ela adora e com o P.
Todos me tentam acalmar, pois quando lá estamos, ela está a maior parte do tempo nas tintas se eu estou ou não presente. Mas isso é precisamente porque ela sabe que eu estou por ali, e que na hora H, a mãe está presente.
O meu maior medo é que ela ao ver-se rodeada por todos, e faltando apenas eu, se sinta abandonada. E sei que vai sofrer, oxalá que assim não fosse, mas sei que sim...
E esse medo corrói-me o coração como ácido sulfúrico.
Ela ama o pai e ama os avós, mas ela Ama-me a mim. Digo isto com todo o orgulho e sem pretensão. Ela, como a maioria das crianças, é muito ligada à mãe. É a verdadeira menina da mamã. Sempre foi e oxalá continue a ser. Ela é mãe para tudo e nada me faz mais feliz do que isso.
Por isso eu só desejo que estes dias passem depressa, tão depressa, como os fins de semana prolongados, ou como os dias de férias na praia...